É...
A hora passando,
A dor aumentando,
E, na sala de espera, nenhuma comunicação.
Alguém se incomoda, e pede respostas...
Seu corpo fala mais alto que sua voz, uma palavra
exigindo.
Não há o que fazer! O sistema não está online…há
que esperar...ou ir embora como outros o fizeram...
Esperar o quê? A hora, marcada, há muito já
passou!
Quanto tempo? Quem vai dizer a hora que o sistema
vai poder nos atender?
Quem vai nos avisar se a máquina voltar a nos identificar?
E o silêncio, seguido da ausência ensaiada, não
se faz de rogado...
Na sala, abandonado pela indiferença dos já
cicatrizados,
O moço geme...
Sua idade? Quem se importa?
Uns 70 e tantos já vividos...
Ops! Uma chamada... Vão lhe atender?
Não!!! É para o pagamento...E
o sistema pede a quantia exata!
E a espera pelo exame se
delonga....
Não há que discutir....
Sua identidade, sua idade,
São mais um número na página virada ….
O sistema não tem face...o sistema não sabe…
O sistema é apenas mais um dos muitos
disfarces...
Alimentado pela insuficiência, pela falta de
conhecimento, pela total impotência dos muitos e sempre desfavorecidos…ele se
incrementa....
O sistema!
Olha pelo moço, olha por ele, Senhor!
Anestesia seu corpo, sua alma, envolve-o com teus
braços de amor...
Concede-lhe a cura! Olha por ele...Socorro, Senhor!
CMC.
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