
Ela vem fina e pungente
E deixa uma lâmina fina a cortar-me, cruelmente.
Penetra o pano de fundo ultrapassando as partes visíveis e tocáveis da memória pela percepção... e se deixa invadindo o mais profundo da minha sensibilidade.
É cruel o não avaliar.
É terrível o não querer dialogar.
É sufocante o não saber comunicar...
Quanto mais o tempo passa, mais clara fica a verdade:
Não interessa a quem quer que seja o partilhar do coração.
Será ilusão e falha permissiva o que compreende a união e a solidariedade?
Em alguma fenda na História, no Universo, entrando pela margem das constelações, em algum momento, isto se foi...e não mais quer voltar.
Pelos limbos da utopia se prende mergulhado e insano o palpitar...
Ainda se desdobra num comando incoerente, desintegrando-se, ao desfiar suas prateadas e finas intenções.
Mas...
Para quê?
E ela vem.
Irremediavelmente adere à nossa alma.
É lancinante.
Mas como toda a dor, não se pode deixar ficar.
Tem de ser saída.
Tem de haver sempre a fala da realidade.
Um não poder que diz o basta para não continuar o perceber do sofrimento.
Um querer não ver mais fundo por abrir mão do que lhe traz à tona as límpidas e resignadas verdades.
Pura e cristalina manifestação do polianicismo que se desdobra em manter vivo o companheirismo.
cmc