Não me exponhas à morte...
Não sabes que a sorte não se mostra pra nós?
Cala-te, eu imploro,
...Eles estão chegando, e eu oro
Para que a revista não seja tão deprimente,
E que meu coração aguente
Tanta injustiça, tanto horror.
Como aqui me chamam sempre!
Sou apenas pobre mãe,
Com crianças, em catre imundo,
abandonadas, esquecidas...
- Duas achadas pelas balas perdidas
Das armas dos muitos tiras...
Cala-te, reprime-te, não me exponhas
À sanguinária fúria que se avizinha...
Talvez, mais tarde eu possa sair,
E buscar socorro na casa da Vera,
E acalmar esta dor que o peito me dilacera...
Ou morrer , sem socorro, e não seria mal feito
Seria , talvez, minha sorte madrinha.
Cala-te,
Aprende o silêncio
Não acenda mais violência em quem deveria nos proteger,
Não ajudes a demência organizada
Que goza só de nos fazer sofrer...
E de nossa impotência dá risada...
Cala-te...
Cala-te...
Cala-te...
Vão passar...
Ai, que dor, Senhor!
cmc